quarta-feira, 17 de junho de 2009

crônica: JORNALISTA SEM DIPLOMA

Rubens Antônio da Silva
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Houve um tempo em que sonhava em ser jornalista, mas... não tinha condições de cursar jornalismo. Até hoje não temos esse curso na cidade. Fui trabalhar na revista Aldeia Global no setor comercial e aproveitei para apresentar alguns textos ao Ivan, o editor. Assim pude ver meus primeiros trabalhos publicados. Foi assim que fui para no jornal O Progresso de Tatuí, apresentado pelo jornalista Walter Silveira da Mota. Depois de pouco tempo, fui registrado como funcionário da empresa. Fazia as reportagens e escrevia as matérias. Na funcional, porém, o que constava era: colaborador. Na carteira profissional, pior: datilógrado... Tudo porque não tinha diploma de jornalista. Certa vez, o escritor Macedo Dantas escreveu um artigo sobre um poema meu e me tratava de jornalista: o jornal cortou. Guardo até hoje o original com a palavra encantada - jornalista! Foi assim que entrei na luta (timidamente, confesso) contra a exigência do diploma. Cheguei a publicar longa carta no Diário Popular (hoje Diário de S. Paulo) contestando um artigo publicado em defesa do canudo. As notícias projetavam a possibilidade de a exigência vir a cair. Deixei o jornal e fui trabalhar em serviços com que nunca sonhei. E não posso reclamar de tudo o que Deus me deu. Mas eis que agora leio a notícia de que o Supremo Tribunal Federal decidiu que a exigência do diploma fere princípios constitucionais. E com voto tatuiano. Celso de Melo mais uma vez nos deu orgulho. Foi um prazer vê-lo na TV afirmando categoricamente que a imprensa deve ser "essencialmente livre". Por tudo isso, me sinto também vitorioso. Já não tenho mais pretenções nesse ramo. Mas foi uma satisfação.

Um comentário:

  1. Rubens, que legal ler seu artigo aqui. Meu avô perdeu o pai muito cedo, isso o levou a trabalhar cedo, tendo que se dedicar à vida no campo, como capataz numa fazenda de um tio dele. Tinha estudado até a 4ª série e com isso, foi obrigado a desistir dos estudos. Se tornou auto-didata, dedicou-se aos livros e ao idioma. Sempre se deitou sobre livros e nunca se cansou de aprender e desenvolver a escrita, foi sócio-fundador do sindicato dos jornalistas de SP, publicou vários livros (feliz por nunca ter que pagar pelas publicações, sempre vencendo em concursos), enfim, viveu a vida toda com a bandeira do Jornalismo, no entanto, nunca teve além da 4ªsérie primária. Abraços e fiquei muito feliz com seu texto e sua lembrança!

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