terça-feira, 1 de dezembro de 1981

Jornal 'Letras da Província', Limeira/SP, dezembro de 1981


domingo, 9 de agosto de 1981

INVERNO

Rubens Oficial

As últimas folhas do ipê
caíram mortas na sarjeta.
E o varredor... e o vento as levou.

Só um pardal, um pobre pardal,
na manhã seguinte,
brotou nos braços do ipê nu.

Tatuí, 09.08.1981

terça-feira, 7 de julho de 1981

PAIXÔMETRO

Rubens Oficial


Instalei um paixômetro
no meu coração,
para nunca mais
amar perdidamente.
Mas... desde que chegaste,
ele não funciona mais!
- Quem é essa mulher
que avariou o meu paixômetro?


Tatuí,1981

CHAPÉU NA PAREDE

Rubens Oficial


Chapéu na parede,
que fim ele tem?
Não sacia a sede
de ninguém.

Chapéu pendurado,
por que não se vai
no eito do arado
de meu pai?

- Chapéu vagabundo
é nosso deleite,
também serve à gente
como enfeite.


Tatuí, 1981

domingo, 28 de junho de 1981

INCOERÊNCIA

Rubens Oficial


Estou morrendo de paixão!
E não me dás um beijo,
um abraço, nada...

-Quero ver se ainda ousas
em falar na minha frente
em primeiros-socorros...


Tatuí, 28.06.1981

segunda-feira, 20 de abril de 1981

Dedicatória



A minha querida esposa
ZÉLIA

A minha querida filha
JAQUELINE

A meus queridos pais
ISMAEL e LAUDELINA


dedico todo o meu trabalho

domingo, 12 de abril de 1981

esta rua


Fosse meu este caminho,
plantaria meu carinho
pra você nele passar.
Ao chegar na minha esquina,
um sinal lhe diz - menina,
contramão é retornar.

Olharia então os lados:
os casais estacionados,
não havia um só lugar.
Ficaria pois contente
ao notar dentro da gente
um coração a esperar.

Essa rua imaginária,
sutil, extraordinária,
brilha com tanto fulgor,
que, uma vez por ela entrando,
some toda a angustia vã do
peito. Esta rua é o amor.

Tatuí, 12,04.1981

esta rua


Fosse meu este caminho,
plantaria meu carinho
pra você nele passar.
Ao chegar na minha esquina,
um sinal lhe diz - menina,
contramão é retornar.

Olharia então os lados:
os casais estacionados,
não havia um só lugar.
Ficaria pois contente
ao notar dentro da gente
um coração a esperar.

Essa rua imaginária,
sutil, extraordinária,
brilha com tanto fulgor,
que, uma vez por ela entrando,
some toda a angustia vã do
peito. Esta rua é o amor.

Tatuí, 12,04.1981

quinta-feira, 2 de abril de 1981

a inspiração chegou

Dá-me a caneta
que a inspiração chegou.
Abre-lhe a porta, a maçaneta,
dá-lhe o sentimento que restou.

Pede-lhe que faça um poema disso tudo
(tudo isso é quase nada...)
e, no papel, meu sentimento mudo
cai todo em pranto pela minha amada.

Que, pela vida, os meus ais secaram.
Nada mais tenho a dizer, sozinho.
Nas ilusões todos me deixaram
e elas seguiram no mesmo caminho.

Tatuí, 02.04.1981

sexta-feira, 20 de março de 1981

chave

Rubens Oficial
.
a chave na porta,
só ela sabe
o segredo
da fechadura,
mais ninguém...
.
quisera ser a chave
do teu coração.
só eu, mais ninguém.


Tatuí, 20.03.1981
.

sábado, 14 de março de 1981

garimpo poético

Industrializei meu amor por ti.
A cada suspiro escrevo um poema,
a cada olhar escrevo um poema,
e até tua ausência transformo em doído poema.
Industrializei meu amor por ti.

Se não posso haurir os teus afetos,
tomei-te como um garimpo inesgotável
de sentimentos únicos, preciosos.
Não fujas nunca para longe de mim,
mas se fugires, ah,
a tua fuga também é poesia.
Industrializei meu amor por ti.
Passo dia e noite extraindo versos
da tua existência maviosa.


Tatuí, 14.03.1981

segunda-feira, 2 de março de 1981

tudo azul

Rubens Oficial
.
de tanto mirar, admirada,
o colorido do jardim,
teus olhos tomaram a cor
de duas belas miosótis.
.
ah, se me desses
teus olhos azuis...
com eles eu veria
tudo azul, tudo azul...


Tatuí, 02.03.1981

sexta-feira, 30 de janeiro de 1981

O Fundo dos Teus Olhos

.
Quantos segredos, quantos mistérios
em teus olhos, querida!
Às vezes penso que, entrando por teus olhos,
chagaria ao fundo do teu ser,
no íntimo da tua alma,
onde estás escondida de mim.
Mas tenho medo de entrar.
- São tão profundos os teus olhos!
Talvez possa me perder,
talvez não saiba voltar.

Quantos convites em teus olhos, querida!
São como a profundidade de um arranha-céu,
que nos diz: vem! vem te consumir!
Ou a profundidade do mar,
que nos diz: vem! vem se afogar em meus abraços!

Quanta alucinação em teus olhos, querida!
São como o caminho para o infinito,
para onde caminhamos, caminhamos
e nunca chegamos a lugar algum,
mas à vontade de sempre caminhar.

Mas tenho medo de entrar.
Talvez possa me perder,
talvez não saiba voltar.


Boituva, 30.01.1981