Cientistas dizem que a sensação de ter e poder gastar dinheiro ativa as mesmas áreas do cérebro relacionadas ao prazer do vício
REDAÇÃO ÉPOCA
As pessoas dão mais valor ao ter dinheiro do que ao seu real valor de compra
O dinheiro funciona como uma droga para o cérebro humano. E pensar em um salário maior do que o que você ganha também dá o mesmo "barato". Essa é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Segundo os pesquisadores, o cérebro humano é suscetível à ilusão de riqueza que o dinheiro pode trazer. O ato de gastar dinheiro ativa áreas do cérebro que estão relacionadas ao prazer. Além disso, pesquisa mostra que as pessoas prestam atenção ao valor nominal de dinheiro, em vez de se atentarem ao seu verdadeiro poder de compra.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram a atividade cerebral de 18 voluntários em uma série de testes envolvendo diferentes salários e preços.
Os voluntários foram convidados a "ganhar" salários realizando uma série de tarefas mentais em um computador. Os salários foram divididos em dois níveis, com o valor superior 50% maior do que o inferior.
Eles poderiam então gastar esse dinheiro em uma lista de produtos apresentados em dois catálogos. Os catálogos eram idênticos, porém um deles trazia os produtos 50% mais baratos do que o outro.
Na prática, os voluntários tiveram o mesmo poder de compra, independentemente do que ganhavam como salário. Mas os resultados mostraram que os centros de recompensa de seus cérebros eram muito mais ativos quando estimulados pela ideia de ter um salário mais elevado.
A tese também tem o apoio de alguns economistas, que chamam o fenômeno de "ilusão do dinheiro". Em geral, com relação ao dinheiro, as pessoas se comportam irracionalmente, a ponto de ficarem mais satisfeitas com um salário maior em tempos de inflação alta do que com um salário menor em época de baixa inflação. "Intuitivamente, a 'ilusão do dinheiro' implica que um aumento de renda é avaliado positivamente, mesmo quando os preços sobem na mesma proporção, deixando inalterado o poder de real de compra", diz o professor Armin Falk, da Universidade de Bonn, um dos coordenadores do estudo.
Fonte: Revista Época, 24.03.2009.
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