mar e espanto

Rubens Antônio da Silva

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Um avião mergulha na madrugada.
Rasga silêncio e escuridão,
sepulta mistérios nas águas geladas.
Despedaça sonhos e ilusões.

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Baque surdo Atlântico
propaga ondas de pavor aos continentes.
Salpica as gentes de água e sangue,
dor e desesperança.

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Petrificados de espanto,
homens mergulham
oceanos de suas almas,
catam destroços de si mesmos,
dilacerados:
violência de (não)notícias.

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Sobre o mar agora
a calma ignorante.
Nuvens inconsequentes pairam negras.
Retrato do que não se quer reconhecer:

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A vida é boa
A vida voa
A vida escoa


como ao mar.
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Tatuí, 2009