Sentinela petrificada,
robusto, altivo, solerte,
está o sapo na calçada
como a matéria inerte.
Olhos grandes, dois botões
no ápice do corpo ereto,
perscrutam aproximações
descuidadas de insetos.
E, como se um gatilho disparasse,
a lingua do sapo dispara,
longa, lépida. Como num passe
de mágica, arrebatara
uma mosca, mariposa...
Depois se ajeita, saltitando
levemente, sem ruído, e posa
novamente, inerte, disfarçando.
Boituva, 1988
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