(Rubens Oficial)
1. No final da década de 1970, a Casa de Cultura Paulo Setúbal, que ocupava o prédio do atual Museu Histórico Paulo Setúbal, tinha sua porta de entrada de frente para a Rua 7 de Maio. Subindo a escada, a porta de frente dava acesso ao museu e à esquerda à secretaria. Ali trabalhavam Hélio Reali, Sansão e Crispim. Entrando pela secretaria, eu tinha acesso à biblioteca da casa, cujo acervo foi doado pela Secretaria de Estado da Cultura em substituição a uma anterior, que fora doada e retornara ao seu local de origem, em São Paulo. Nessa biblioteca havia uma coleção dos livros adultos de Monteiro Lobato. Foi assim que fotocopiei o artigo de Lobato sobre a morte de Paulo Setúbal do livro Miscelânia. Havia também uma coleção das obras completas de Jorge Amado até então, de capa violeta. Foi quando li o Quincas Berro D’Água. Um volume verde de luxo continha as obras completas de Euclides da Cunha em papel bíblia.
2. Quando a professora Leila Salum Menezes da Silva veio trabalhar na Casa, providenciou que trouxessem uma biblioteca antiga que estava encaixotada no porão do prédio. Vi os volumes umedecidos sendo verificados um a um pelos funcionários que ali trabalhavam. Nunca vi esse material à disposição para consulta pública.
3. Quando o escritor e jornalista tatuiano Raul de Polilo morreu (acho que ele morava em São Paulo), sua família doou sua biblioteca à nossa Casa de Cultura juntamente com alguns objetos pessoais, alguns referentes à aviação, porque ele era aviador. No acervo encontrei um livrinho biográfico de Paulo Setúbal, que também reproduzi e encadernei e tenho até o dia de hoje. Não cheguei a ler, mas conheci os livros de Raul de Polilo. Um se chamava Retrato Vertical do Brasil, vários exemplares, com impressões do jornalista aviador sobre a nossa terra.
4. Esse fato fez com que Maurício Loureiro Gama também doasse sua biblioteca à Casa, mas em vida. Mais uma sala foi desocupada para receber os livros e outros materiais, como troféus, medalhas, um busto. Esse material está exposto no Museu Paulo Setúbal.
5. Meu amigo particular Walter Silveira da Mota, jornalista e filósofo, ficou admirado com a atitude de Maurício, seu amigo e deixou claro que também queria deixar sua biblioteca à Casa de Cultura, mas após sua morte. Ela chegou e seu irmão Oscar Augusto Silveira da Mota, com quem morava, fez a sua vontade e doou aquela que seria a quinta biblioteca do estabelecimento. Uma placa de madeira esculpida dizia: Biblioteca Jornalista Walter Silveira da Mota. Ali havia a coleção de todos os artigos que ele publicara em jornais e revistas. Era uma biblioteca rica em filosofia, especialmente naqueles que Walter acompanhava, como Krishnamurti e Huberto Rhoden.
6. Hoje, o Museu Paulo Setúbal dispõe apenas de um gabinete de leitura. Ali está a coleção da revista Seleções, da biblioteca de Walter, desde a de número 1 até a morte do jornalista. Na minha opinião, com a municipalização do museu, durante a gestão do prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, essas bibliotecas deveriam ter sido transferidas para repartições públicas do município, incluindo escolas. Mas onde estão?
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