sábado, 10 de novembro de 2012

O assinante mais jovem se torna repórter de ‘O Progresso’


AGENTES DO PROGRESSO
Rubens Antonio da Silva
O PROGRESSO DE TATUÍ, 11 de Novembro de 2012


FRANCIS JONAS LIMBERGER


Rubinho é considerado o assinante mais jovem e é um dos repórteres vivos mais antigos da história de nove décadas de 'O Progresso'

Rubens Antonio da Silva, o Rubinho, é um dos repórteres vivos mais antigos da história de O Progresso. Ele escreveu para o jornal nas décadas de 1970 e 1980 e, nesta semana, é o personagem da série comemorativa “Agentes do Progresso”, promovida pelo bissemanário como parte das comemorações pelo aniversário de 90 anos.

Além de ser um dos repórteres mais antigos, Rubinho permanece com outra marca histórica junto à publicação: é possível que ele ainda seja a pessoa mais jovem a assinar o jornal. “Quando eu tinha dez anos, em vez de gastar a minha mesada com doces, resolvi poupar e fazer uma assinatura de O Progresso. Até então, eu lia o jornal na casa de um vizinho”, contou o ex-repórter.

Anos mais tarde, quando foi contratado pelo jornal, o então gerente José Nascimento reconheceu Rubinho. “Ele perguntou desde quando eu era assinante. Quando eu falei que já fazia muito tempo, ele logo disse: ‘Você é aquele menino que veio aqui, sozinho, e assinou o jornal’”, disse.

Antes de ser contratado para reportagem e redação por O Progresso, Rubinho trabalhou na revista “Aldeia Global”, que pertencia a Ivan Gonçalves, futuro proprietário do jornal. “Era uma revista de variedades sobre a cidade de Tatuí. Eu entrei para trabalhar no serviço de contato e propaganda”.

Naquela época, Rubinho já havia publicado alguns textos no jornal “Notícias Populares”, que tinha uma coluna dedicada a poesias dos leitores. “Como eu lia jornal desde cedo, já estava familiarizado com a produção textual e eu procurava aproveitar quando aparecia algum espaço”, comentou o ex-funcionário de O Progresso.

A experiência em redação, aprimorada com as oportunidades oferecidas na revista, fizeram com que surgisse o convite para o trabalho com o noticiário e a reportagem. Na época, o repórter José Teixeira de Almeida estava deixando o jornal para trabalhar em uma emissora de rádio. A contratação de Rubinho foi sugerida por Valter Silveira da Mota.

Rubinho trabalhou em O Progresso por cinco anos. Quando ingressou, o jornal mais antigo da cidade ainda pertencia a Vicente Ortiz de Camargo, que também era diretor do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.

“Durante o dia, o Vicente trabalhava no Conservatório. Depois do expediente, ele vinha para o jornal e fazia a revisão das matérias, antes que o material fosse enviado à oficina para fazer a composição”, disse Rubinho.

De acordo com ele, uma das características do jornal no fim da década de 1970 era o espaço reduzido para reportagens. “Naquele tempo, o jornal tinha um espaço muito escasso para notícias. Isso porque a publicidade era bastante barata e o jornal era tomado de muitos anúncios”, comentou.

Com mais experiência na função, Rubinho se propôs um desafio. “Resolvi pegar uma notícia comum e acompanhar todo o processo até ela chegar ao leitor. Fiz a entrevista, escrevi a matéria, fui para a oficina montar a página no tipo móvel, ajudei a imprimir e distribui o jornal. Se me perguntar o que é mais difícil, direi que é a entrega. Achar todos aqueles endereços é muito complicado”.

Quando o jornal foi vendido para os atuais proprietários, Rubinho acompanhou a mudança e voltou a trabalhar com Ivan Gonçalves. O então repórter destaca as modificações que começaram a ser feitas.

“Quando o grupo do Ivan comprou o jornal, eles deram uma nova dinâmica para a publicação. Logo, deixaram de fazer a composição manual a passaram a terceirizar a impressão com uma empresa especializada. Além disso, o espaço de notícias cresceu e foi possível produzir matérias mais longas”, disse Rubinho.

Naquela época, ele dividia o trabalho de repórter de O Progresso e de funcionário do DER (Departamento de Estradas de Rodagem). A rotina no jornal se resumia em ir à redação no início da manhã, verificar a pauta, recolher informações, redigir e encaminhar o texto para os revisores.

“O problema é que, com os novos proprietários, o jornal cresceu tanto, e por consequência o espaço para as notícias, que chegou um ponto em que era impossível continuar trabalhando. Ficou apertado para eu conciliar os dois empregos e decidi deixar do jornal”, contou o ex-repórter de O Progresso.

Mesmo formalmente afastado da profissão de repórter, Rubinho continuou trabalhando com a produção textual. Em Boituva, cidade do seu emprego no DER, colaborou com os dois jornais existentes na época. Também criou a publicação “Pedagente”, oferecida às pessoas que passavam por um posto de pedágio.

“Jornalismo é uma profissão que você nunca consegue se livrar. Ela pega a gente mesmo. Então eu nunca deixei os jornais”, comentou. Hoje, Rubinho é oficial de Justiça da comarca de Tatuí e, paralelamente, mantém na internet uma página com notícias sobre a cidade. Segundo o ex-repórter, boa parte do conhecimento em produção textual veio por meio de O Progresso.

“Este jornal sempre vai ocupar um espaço importante na minha vida. Falar dele é falar da minha história. Só para ter uma ideia de como foi uma experiência inesquecível, eu digo que trabalhei cinco anos em O Progresso e 11 no DER. Tenho saudades do primeiro e não do segundo”, relatou Rubinho em visita a redação do bissemanário.

Ao comentar o aniversário de 90 anos do jornal, Rubinho destaca os momentos “inesquecíveis” que teve como repórter. “Representei O Progresso na posse do governador Reinaldo de Barros, no Palácio dos Bandeirantes, na posse do Cunha Bueno como secretário da Cultura no governo de Paulo Maluf. Entrevistei Franco Montoro, o ex-presidente Jânio Quadros e, aqui em Tatuí, acompanhei a inauguração do campo de provas da Ford. São experiências que não dá para esquecer”, comentou.

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