terça-feira, 9 de junho de 2009

crônica: POSTO DE COMBUSTÍVEIS

Rubens Antônio da Silva
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Não sei o nome daquelas pessoas. Também o que aconteceu até minha chegada só sei pelo que me disseram. Parece que um mendigo escolheu um espaço na calçada, atrás de uma bomba de combustíveis, para instalar a sua cama. Deve ter considerado a segurança do local e a cobertura metálica. Mas o posto estava em pleno funcionamento e certamente enfrentou a oposição dos que ali trabalhavam. Mas ele estava lá, enrolado em seu cobertor. Era onze e meia de uma noite. Tudo o que eu queria era voltar para casa e ganhar uma cama quentinha. Mas há pessoas bondosas e idealistas que, nessas condições, em vez de pensar na cama quentinha, pensam naqueles que não a tem. E foi o que aconteceu. Uma senhora já velha, magra e fraca, saiu de seu conforto para procurar pelos desafortunados que habitam as ruas. E encontrou aquele homem ali. Parecia bem acomodado e agasalhado. Ela ofereceu-lhe alguma coisa para comer. Comer?
- Não, minha senhora, aqui não!
- Esse homem deve estar com fome.
- Não, aqui não. Aqui não é lugar para piquenique. É uma estabelecimento comercial.
- Eu limpo a sujeira...
- Não, sra, não.
A mulher estende sua mão frágil em direção ao homem dormente, inclinando o corpo.
- Não, dona.
O frentista detem sua mão e a afasta daquele ser que parece tudo ignorar.
Aqui eu entro na história. Não sabia de nada. Parei no semáforo fechado e vi aquela mulher suplicante chegar à janela do carro. Pensei em algum acidente ou mal súbito.
- Moço, moço, liga para a Polícia. Esse homem me bateu, liga para a Polícia.
De impulso, peguei o celular e digitei 190. Um homem procurava dissuadi-la.
- Ninguém bateu na senhora, dona. Por favor...
Toca, toca e ninguém atende. Um desconhecido montado numa moto, talvez cliente do posto, se aproxima.
- A senhota tem que entender. Eles tem o direito de não querer mendigo no posto...
Finalmente atenderam.
- Corpo de Bombeiros, boa noite.
- Não é da Polícia? Digitei 190...
- É... quando eles não atendem, cai aqui. Por favor, ligue novamente.
E a mulher se lamentava.
- Ele me bateu só porque eu queria ajudar aquele homem.
- Ninguém bateu na senhora, dona!
Abriu e semáforo e saí com o carro. Toca, toca e, finalmente...
- Corpo de Bombeiros, boa noite.
- Mas caiu aí de novo?
- Espere um pouco...
Demorava e precisei desligar para dirigir.
Minutos depois, passei novamente pelo local. Parecia tudo calmo. A mulher, agora calma, conversava com alguns homens. O Posto funcionaca normalmente. O morador de rua dormia como se nada tivesse percebido.
Rubens Antônio da Silva

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